Vou contar para vocês, como essa história de gostar de história das roupas, acabou se tornando o meu negócio.
Ao longo desses 13 anos do Que Chuchu! Moda Vintage, muitas vezes fui questionada sobre a decisão de ter um brechó, afinal, por que fiz essa escolha?
Em 2003 eu havia começado uma coleção de roupas antigas, a começar pelo Sec. XIX até os anos 1950. Essas roupas ilustravam minhas aulas de História da Moda.
Essa coleção foi aumentando cada vez mais, garimpando fui descobrindo roupas incríveis, a estampa de outros tempos, a textura do tecido, a história através da modelagem e o acabamento que já não se via mais.
Desde criança sempre tive esse estranho gosto pelo passado, em meu guarda-roupa peças de outras épocas sempre tiveram seu lugar. Naquele momento, porém, formava uma coleção que em pouco tempo passou de 20 itens para 100.
Um belo dia ao trabalhar com as roupas, comecei a olhá-las em seus cabides, eram especiais, únicas, fizeram parte da história, foram cosidas, usadas e por fim descartadas.
É difícil de pensar, mas essas roupas tão incríveis foram um dia jogadas, doadas por quem já não via mais utilidade para elas, mas elas estavam em perfeito estado de uso, eram preciosas demais para serem simplesmente descartadas. Foi então que vislumbrei a oportunidade de fazer algo que eu amava, que era trabalhar com roupas, com história da moda.
Em 2008 já havia brechós vintages espetaculares, eram lugares em que eu passava horas olhando as roupas, examinando os detalhes, a organização, o passado a mostra, a decoração, enfim, amava frequentar brechós especializados e me agradou muito a ideia de ter um.
Após cursos, planejamento e uma mudança de São Paulo para Floripa, o Que Chuchu nasceu, nasceu online, um dos primeiros e-commerce de brechó daquela época.
Foi mágico ver que aquelas roupas que eu conhecia tão bem, que eu admirava tanto, causava encantamento em outras pessoas, a beleza de cada detalhe que eu havia visto, chegou a lugares que nunca imaginei.
Roupas que poderiam estar guardadas, jogadas, descartadas, voltavam a ter vida, trazendo sua história para compor outras, voltavam a fazer parte do presente.
Decidi vender roupas antigas, não apenas roupas, mas meu olhar, meu conhecimento, a minha curadoria.
Fui descobrindo tantas pessoas, que assim como eu, viam a beleza em cada detalhe, incorporavam essa nova/velha vestimenta a sua, as ressignificavam e as traziam para compor o presente.
Com o tempo a questão sustentável foi tomando importância, pois o brechó coloca em uso o que seria descartado (onde?), e nada causa menos impacto ambiental do que o que já foi produzido.
Quando em uma entrevista ou em um papo simples me perguntam, por que ter um brechó? Toda essa história passa pela minha cabeça.
Ter sido professora de história da moda, o gosto pela pesquisa das roupas, o interesse por pessoas e o perfil de alto risco, me fizeram optar por ter um negócio voltado a história, a moda, a memória e as pessoas.
Me encanta profundamente saber que as roupas que escolhi para estar na curadoria do Que Chuchu vão fazer parte de outras histórias, de outras vidas.
E é por tudo isso que eu tenho o Que Chuchu! Moda Vintage!
Até o próximo post, meus chuchus.
Brígida Cruz
Brígida Cruz é historiadora da moda, com experiência docente de 20 anos em graduação e pós graduação em moda, proprietária e curadora do Que Chuchu! Moda Vintage desde 2008.
Que bela história! E que bom obter uma roupa vintage tratada pelas mãos de uma historiadora! Se roupas falassem, talvez dissessem do orgulho que é serem garimpada por alguém com um olhar tão capacitado!
Muito obrigada, Eli!!!
Muito obrigada!!!
Não imagina a minha alegria
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